A ação-reflexão, também chamada de práxis, é um conceito na educação, originalmente presente na obra de Paulo Freire e particularmente caro à abordagem da arte-educação. Grosso modo, a ação-reflexão diz de fazer algo, como ensinar ou mesmo criar uma obra de arte, e depois parar para pensar sobre o que foi feito.
No contexto do cotidiano dos educadores, o ensinar e aprender andam juntos; não há um sem o outro e o processo educativo se constrói em diálogo permanente entre quem ensina e quem aprende – muitas vezes, inclusive, o educador assume papel de aprendiz e vice-e-versa. Por isso, essa reflexão sobre o que se faz deve ser contínua e entendida como parte estruturante do processo formativo e da atuação diária dos educadores.
A prática formativa dos educadores deve envolver também o compartilhamento de suas experiências, ideias e conhecimentos uns com os outros, além de estratégias de tematização (quando um supervisor observa a prática com o intuito de apoiar o educador em sua reflexão individual). Na arte-educação, essa troca é especialmente enriquecedora, pois os educadores podem aprender diferentes abordagens, técnicas e estratégias uns com os outros.
Ao compartilhar suas práticas pedagógicas, os educadores fortalecem a comunidade educativa, promovendo um ambiente colaborativo e estimulante. A troca de saberes também abre espaço para a diversidade de perspectivas, enriquecendo as estratégias de ensino e permitindo uma abordagem mais inclusiva e adaptável às necessidades dos educandos ou atendidos.
No cotidiano também dos educandos
Mas, é um conceito que na prática também envolve os educandos. Na arte-educação na escola, podemos pensar sobre a práxis quando os professores e alunos trabalham juntos para criar algo, como uma pintura ou uma peça de teatro, e depois conversam sobre como foi a experiência e o que aprenderam. Em contextos socioeducativos, a ação-reflexão pode ser usada para entender melhor as necessidades e experiências das pessoas. Por exemplo, ao usar a arte como meio de expressão, os participantes podem criar algo que represente suas histórias e sentimentos. Depois, eles refletem sobre como essa expressão artística os ajudou a se comunicar e a entender melhor a si mesmos e aos outros.
Na área da saúde, a ação-reflexão pode ser aplicada ao usar a arte como uma forma terapêutica. Por exemplo, um paciente pode participar de atividades artísticas, como desenhar ou tocar música, como parte de seu tratamento. Depois, eles refletem sobre como essas atividades influenciaram seu bem-estar emocional e físico. Em resumo, a ação-reflexão na arte-educação nos ajuda a aprender fazendo e, em seguida, pensar sobre como essa experiência impactou nossas vidas, tanto na escola quanto em contextos sociais e de saúde.
Espaços de troca
Para garantir a atenção à ação-reflexão, a Arte Despertar viabilizava espaços de troca e compartilhamento entre os educadores. Nas reuniões, cada educador(a) compartilhava suas experiências, desafios enfrentados e repertório de estudo e trabalho. Da mesma forma, como ação institucional, a Arte Despertar realizava formações permanentes das equipes, com especialistas nas linguagens trabalhadas e em diálogo com a abordagem triangular. Entre os formadores, participaram com regularidade das atividades Stela Barbieri, referência em artes plásticas e narração de histórias e a atriz Lígia Cortez nas discussões sobre teatro.
Saiba +
Prática pedagógica – verbete sistematizado pelo Grupo de Estudos sobre Política Educacional e Trabalho Docente (GESTRADO).
Formação dos educadores: incentivo à práxis e à liberdade criativa – vídeo em que arte-educadores refletem sobre os espaços formativos da Arte Despertar.