Porque fazemos o que fazemos

Nós acreditamos que a arte e a cultura podem impactar positivamente na Humanização da Saúde. Ao longo da nossa trajetória estamos desenvolvendo uma série de ações para mostrar o efeito desse trabalho.

Humanização da Saúde

O tempo muda as pessoas, as cidades, o planeta. A mudança é algo inerente à sociedade contemporânea. Em que se pese essa certeza — a de que tudo muda —, dentro da perspectiva institucional há certos princípios constantes que norteiam nossa ação: a ética, a solidariedade, a cidadania, o respeito, a autonomia e a valorização humana. Por se tratar de uma instituição do Terceiro Setor, a organização partilha da ideia de que o avanço em questões socioculturais é papel de todos nós. Por essa razão, buscamos engajar diversos segmentos da sociedade e articular uma rede de parcerias que se comprometam com ações responsáveis.

Arte e Cultura, como sabemos, são vitais. As expressões artísticas e culturais desempenham um papel fundamental no acolhimento das pessoas, na ressignificação da experiência e no fortalecimento do tecido da vida social. A Arte sensibiliza as pessoas, despertando-as para os significados e para a riqueza das relações que constituem sua trajetória como indivíduos. No universo da Cultura — repleto de valores, símbolos e potencialidades —, também se opera esse resgate de elementos significativos para a vida do sujeito. Arte e Cultura. Cultura e Arte. A ordem dos fatores não altera o seu impacto. Ambas se constituem verdadeiras extensões da existência e da subjetividade humana, ajudando a tornar o mundo um lugar melhor e mais acolhedor.

No início, além de nossa atuação na área da saúde, também nos firmamos com um trabalho diferenciado de educação e arte voltado para crianças, com destaque no cenário de propostas educacionais destinadas a pessoas em situação de vulnerabilidade. Nossos primeiros projetos foram desenvolvidos em instituições de assistência, de saúde e de educação no contraturno escolar. Ao longo dos anos, nossa atuação estendeu-se a outros públicos e, mais recentemente, passamos a focar com maior ênfase a área da saúde.

Essa intersecção entre arte e o cuidado em saúde, embora mais em voga nos últimos anos, nem sempre foi óbvia. Diversos pensadores e filósofos, entre eles o alemão Hans-Georg Gadamer (1900-2002), já mostraram como o avanço da modernidade incumbiu a ciência de dar todas as respostas sobre fenômenos da realidade. Na Saúde, esse percurso foi seguido pela ascensão do modelo biomédico que associa a doença à disfunção, reduzindo à dimensão anatomofisiológica a dinâmica saúde-doença, e localizando suas estratégias de intervenção no organismo doente. Mas há outras abordagens que disputam com essa perspectiva. Há o conceito mais amplo em Saúde que enxerga os sujeitos de um ponto de vista mais integral, interdisciplinar, compreendendo, por exemplo, aspectos sociais para além dos fisiológicos, como condições de moradia, educação e seguridade das pessoas, em conjunção com o sofrimento e a fragilização decorrentes da enfermidade. Nesse ponto, contribuímos com nossa percepção de que um atendimento respeitoso, digno e de qualidade ao paciente pode iluminar aspectos importantes do tratamento, amenizando a sensação de finitude da vida, as incertezas e dores. A isso chamamos de humanização dos serviços de saúde. Nesse contexto, a Arte serve de bálsamo — aliviando mentes e corpos — e exaltando a natureza única e particular de cada paciente. Eis o que propomos: um exercício de liberdade e de imaginação dentro de uma cultura hospitalar muitas vezes marcada pela superespecialização.

Desde 1997, ano em que a Associação Arte Despertar foi fundada, temos nos dedicado à promoção de ações e projetos em instituições de saúde. Buscamos integrar a Arte ao processo de tratamento em benefício de pacientes, acompanhantes e profissionais da saúde. A arte, especialmente nesse contexto, é uma forma de percepção e de expressão humana capaz de desvelar a realidade interior e exterior. Ela proporciona outras leituras do mundo, abre possibilidades para questionamentos e pode contribuir para humanizar relações, fazendo com que todos percebam que a doença não privou o paciente de seus direitos e que ele é uma pessoa, não mais um caso que precisa ser rapidamente resolvido.

As moléstias não são apenas um dado biológico. Às vezes, a dor mais dilacerante pode ser aquela que nem mesmo os sedativos mais poderosos podem atenuar. No decorrer de uma internação, não é raro que se perca a dimensão humana e psicológica do paciente, deixando-se de lado couponshttps://www.theinnocentsmiley.com/review-policyread seus anseios, desejos e potencialidades, restando ali apenas um observador passivo de sua própria condição impotente. É justamente nesse ponto que estímulos artísticos e culturais podem ajudar essas pessoas a se reinventarem, ressignificando sua existência e resgatando sua autoestima no caminho de uma vida mais plena.

Em nossas intervenções em hospitais, buscamos criar ambientes propícios para que pacientes se tornem sujeitos ativos de suas memórias e experiências — promovendo uma aproximação entre eles e seus sentimentos — com ênfase no fortalecimento de seus vínculos pessoais. De pacientes a sujeitos de sua própria história. Assim, a experiência artística vivida propicia, duplamente, um mergulho em si e na conexão com o outro e abre caminhos para o fortalecimento subjetivo e dos vínculos. E é nessa perspectiva que trabalhamos para engajar todos na causa da Humanização da Saúde.

Publicações e artigos

Artigo

Arte e humanização das práticas de saúde em uma Unidade Básica

Mariana Sato(a). José Ricardo de Carvalho Mesquita Ayres(b)

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