A arte como linguagem no contexto hospitalar

“As vezes a doença é muito difícil de elaborar. Nessa angústia de não saber se você vai ter futuro, como é que você elabora? A arte ajuda nisso também”. É o que relembra Kelly Jardim, narradora e arte-educadora da Arte Despertar por mais de dez anos. Para ela, é em contato com os universos simbólicos que os objetos artísticos carregam, que “janelas” se abrem para que cada um possa acessar capítulos anteriores de sua vida, reelaborar o presente, e nutrir perspectivas mais ampliadas do dia de amanhã.

No vídeo, Kelly e Geraldo Orlando, músico, musicoterapeuta e arte-educador na Arte Despertar, retomam um pouco do muito que observaram e aprenderam nesses anos nos atendimentos em hospitais. Cada qual na sua função, e atuando sempre em dupla, de maneira sensível e transparente, discorrem sobre a contribuição do contato com a arte no contexto do cuidado à saúde: uma arte produzida com a intenção de tocar, sensibilizar e fomentar as pessoas atendidas a buscarem em si sua potência de vida.

Arte como linguagem
Como apresentam Kelly e Geraldo, em meio ao ambiente muitas vezes impessoal e estressante do contexto hospitalar, a expressão artística transcende as barreiras do verbal, alcançando pacientes, familiares e profissionais de saúde de maneiras únicas.

Pinturas, esculturas, histórias narradas, performances musicais e outras manifestações artísticas oferecem uma forma de comunicação não verbal, permitindo que as emoções, sentimentos de esperança e angústias sejam compartilhadas e compreendidas além das limitações das palavras. Além disso, a arte cria ambientes mais acolhedores, estimulando a criatividade e, muitas vezes, proporcionando um alívio terapêutico que vai além das prescrições médicas.

Ao transformar hospitais em espaços onde a arte é uma linguagem universal, a arte como linguagem contribui para humanizar o cuidado de saúde, compreendendo o ser humano em sua integralidade e fortalecendo a conexão saudável entre as pessoas.

empatia e alteridade
Arte como linguagem no contexto hospitalar: a metáfora do tsuru, o pássaro origami da saúde e boa sorte. Fonte: Acervo Arte Despertar.


Saiba +
Depoimento: A ludicidade em diálogo com a arte – “O lúdico é fundamental para a existência humana“, diz Kelly Jardim. Nesse conjunto de entrevistas as arte-educadoras Kelly Jardim, Beth Beli e Liana Shimabukuro apresentam relatos de atendimentos realizados em hospitais sobre o encontro da ludicidade com a arte.
O respeito à alteridade como premissa na humanização em saúde – depoimento em áudio com a Dra. Vera Bonato sobre as complexidades enfrentadas no exercício da alteridade fundamental às praticas humanizadas em saúde.

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